26 outubro 2007

whisky sem soda

Só faço anos nos anos bissextos que acabam em dois
Gasto mais do que ganho, vivo com a casa sem um botão,
Não tenho hábito de guardar a roupa se vou nadar,
Nunca me mete nojo o ultimo copo nem o próximo bar,
Vendi por amor e não por dinheiro, minha alma a Belzebu
E das duas tipas de Goya prefiro a mesma que tu.

Que vou eu fazer
Se gosto de whisky sem soda
De sexo sem casamento
De penas com pão?

Que vou fazer eu
Se do amor gosto sem etiquetas
A morte sem dor
Eva e Adão?

Opino com Sade que ao desejo os travões ficam mal
Nunca entendi o móbil do crime, a menos que seja passional.
Se rompi algum hímen, se parti algum prato na minha mocidade
Hoje, já retirado, só roubo e mato por necessidade
Sempre que a morte vem atrás de mim fujo a mil pés,
Tens de ser papagaio se és trapezista e saltas sem rede.

Que vou eu fazer
Se gosto de whisky sem soda
De sexo sem casamento
De penas com pão?

Que vou fazer eu
Se do amor gosto sem carimbos
A morte sem dor
Eva e Adão?

Joaquin Sabina

23 outubro 2007

the devastations



Juntem-lhes o lado sinistro de Nick Cave e a paixão dos Tendersticks, e temos The Desvatations, banda oriunda de Melbourne, Australia.

Conrad Standish (voz/baixo), Tom Carlyon (guitarra/voz), e Hugo Cran (bateria), esta é formação original de The Desvatations.

20 outubro 2007

quando for grande quero ser assim

"Nunca respondo a provocações idiotas. O meu pai sempre me disse: «nunca te atires à lama a lutar com um porco – primeiro, porque te sujas; segundo, porque é disso que o porco gosta"

Walter Winchell (1897-1972 ), judeu, jornalista americano.
in "Notes of a New York Columnist", Daily Mail, 31 de Maio de 1948.

18 outubro 2007

sterlin



Fantástica Adela Peraita e os Sterlin.

Não sei se me apaixonar pela cantora ou pelas canções. A sua voz cristalina e as melodias simples e profundas fazem dos Sterlin uma banda a merecer mais atenção do melómanos nacionais.

01 outubro 2007

100 tiltulo ela I

O clássico sapato vermelho entre carris foi o mote para a minha libertação. Não houve Alfa nem Intercidades e tão pouco qualquer comboio de mercadorias daqueles bem pesados que levam cimento. A ideia de negociar o amor foi repentina. E se abrisse uma agência de qualquer coisa que envolvesse o amor?

Sei lá casamentos, porra mas isso já existe.

Divórcios, mas essa merda é para advogados.

Sei lá qualquer coisa antes que venha esse monstro, que agora já não desejo a morte.
Acorda Sofia acorda tu estás louca. O monólogo funciona como terapia à resistência. Sim uma agência pois uma agência onde eu própria possa ser a proprietária, a empregada e a primeira cliente. Eu sinto-me bem com Sebastião é um tipo fixe, por vezes um pouco tresloucado. Recordo-me quando sem mais nem quê partiu o copo de Whisky e se pôs a chorar por tê-lo partido, aqueles acessos de infantilidade à Sebastiãozinho.

Continuando a sonhar alto, a agência devia ser o espelho da minha necessidade, da minha ascensão profissional, da minha vontade de ser um pássaro livre, que tanto podia fazer um voo bem alto como voo picado sobre qualquer alvo, em que não existisse nenhuma gaiola onde pudesse estar enclausurada, onde quando me apetecesse abrisse a porta e saísse, ou assim tipo contrato de aluguer. Casávamo-nos, ou melhor íamos ao cartório e assinávamos um contrato onde ficaria explicita a duração do contrato tipo x meses. Boa é isso mesmo, uma agência de leasing matrimonial, boa, leasing matrimonial, e já tenho nome – SOFILEASING. Vai ser de fazer pirraça às minhas amigas, as televisões vão cair em cima de mim, uahu, vou ter publicidade gratuita.

Entre Sofia Albuquerque Alves Borges, Sebastião Gomes Claro Cardoso e SOFILEASING é estabelecido um contracto usufrutuário de comunhão de bens por tempo determinado e com o prazo de 48 meses a contar desta data… e eu já sonho alto com a minha liberdade, vendo as neuroses de Sebastião por um canudo, ele a tomar conta dos nossos futuros filhos, eu quero ter muitos filhos e o Sebastiãozinho um excelente papá.

Será que em 48 meses consigo ter mais de 3 filhos?

O chá está na mesa, cruzo as pernas e, de soslaio pisco-lhe o olho.

Olha saiu-me.

O tipo levantasse e dirige-se a mim porte altivo, seguro de si, comecei a tremer, será o príncipe encantado?

E diz-me:

- Permita que me sente a seu lado?

Um longo arrepio correu-me pela espinal medula abaixo tocando longamente na minha intimidade. Num gesto forte bem estruturado puxou a cadeira e sentou-se. Trémula de paixão quase sem voz perguntei-lhe se tomava um chá, o qual anui.

- Sabe é muito linda, e parece-me apaixonada.

- Sim, sim foi amor à primeira vista. Disse eu meio aparvalhada.

- Pois eu entendo-a, o Sebastião gosta muito de si, e pediu-me para lhe entregar esta carta, chamo-me Ricardo Abreu, ou melhor Tenente Abreu.