30 abril 2006
29 abril 2006
28 abril 2006
PÂNICO
E depois? E depois aquela alfinetada dolorosa, e ela sorri com aquele ar de felicidade sádica. Os zombies pululam no tecto branco, as pernas tremem, os suores frios encharcam o imaginário, as cândidas palavras não permitem dar troco, os grunhidos guturais não têm sentido. São 48 minutos que quase levam à morte.
Mas sobrevivi, e hoje penso que nada de transcendente existe no mistério das mortes no dentista. Alfred Hitchcock, realizaria um novo filme com o titulo “Pânico”.
27 abril 2006
26 abril 2006
25 abril 2006
24 abril 2006
23 abril 2006
ÓPERA DOS OPRIMIDOS
Um anjo negro montado num cavalo branco galopava pela planície
Ao fundo o azul ténue do horizonte marcava a linha do infinito
Um anjo branco montado num cavalo negro galopava pela montanha
Ao fundo o vermelho do precipício marcava a linha do inferno
No meio o Homem cantava dolente a ópera dos oprimidos.
Matosantos
21 abril 2006
19 abril 2006
18 abril 2006
17 abril 2006
16 abril 2006
LAUREAR A TOURA
O calor da cama leva-me a coçar desenfreadamente as virilhas os tomates e tudo o resto que seja passível de ser coçado. A agitação é frenética. Só há uma solução, dar de frosques do vale de ortigas, brancas, pegar num cd de Jack Johnson e ir para a praia. Falta-me o fato térmico e a prancha de surf, mas já me contento com o cd, os óculos de sol e o meu Foo Fighter negro, como quem diz Ford Fiesta.
Who's to say
What's impossible
Well they forgot...
la la la la la la lara la laaaa...
Mas porra! Hoje estou proibido de ir laurear a toura, ou seja, descontraidamente dar uma voltinha desbússolado.
15 abril 2006
14 abril 2006
13 abril 2006
12 abril 2006
ESTÉCTICA JUDIACIAL II
"Qual é o bom pai de família que, por uma ou duas vezes, não dá palmadas no rabo dum filho que se recusa ir para a escola, que não dá uma bofetada a um filho (...) ou que não manda um filho de castigo para o quarto quando ele não quer comer? Quanto às duas primeiras, pode-se mesmo dizer que a abstenção do educador constituiria, ela sim, um negligenciar educativo. Muitos menores recusam alguma vez a escola e esta tem - pela sua primacial importância - que ser imposta com alguma veemência. Claro que, se se tratar de fobia escolar reiterada, será aconselhável indagar os motivos e até o aconselhamento por profissionais. Mas, perante uma ou duas recusas, umas palmadas (sempre moderadas) no rabo fazem parte da educação", dizem os juízes, num acórdão proferido na semana passada…….
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça
09 abril 2006
08 abril 2006
FUMO
Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...
07 abril 2006
06 abril 2006
05 abril 2006
BLOGOSFERA - ou a feira das vaidades
Caros amigos invisíveis, se aqui chegaram ficaram a saber que tenho um Blog, sim um Blog esse nomezinho esquisito que baptizaram a este confessionário, Várias vezes diário muitas vezes retardatário e outras incendiário, sempre sedentário. Outros pseudo intelectuais como eu descobriram, para de uma forma bem portuguesa de egocentrismo, darmos mostras das nossas capacidades intelectuais, tentando quase sempre espezinhar o conhecimento dos outros em detrimento do nosso, como participar nesta nova forma de coolturar.
Esta coisa faz-me lembrar o método do confessionário. Ai achamos que o padre adormeceu e que não escuta os nossos pecados mas, como Deus está em todo o lado, os ditos não lhe passarão despercebidos mesmo com o roncar do padre. Aqui na blogosfera a sensação é parecida, visivelmente ninguém nos escuta mas o contador deus regista a passagem, e isso dá-nos um grande prazer de notoriedade, de companhia.
Como é possível um gajo de Jacarta visitar o meu confessionário, e o coreano o que é que ele entendeu daquele post de dar um tiro nos cornos?
Possivelmente sim. Terá um programa altamente soft que lhe traduzirá o texto da melhor forma possível, por exemplo:
“ Ofereceram um tira no face dura do Cow feliz, do prenda mulher gostar muita marida do outra, tribunala batman palmas no homem decorada”
Ai Camões Camões, ai acordo ortográfico, ai lusitana paixão. Somos ais somos ais somos ais, somos muitos ais.
E cá vamos nós felizes da vida delirando com esta nova ignorância do conhecimento, da amizade copy paste, deste imenso stand na feira de vaidades. A Expo Blogosfera.
Por cá também vou embevecido por esta nova Kool Kultura até desmontar o stand.
04 abril 2006
"DAR UM TIRO NOS CÓRNOS"
“Estéctica Judicial “
Num país de tradições tauromáquicas e de uma moral ditada por uma tradição ainda de cariz marialva como é Portugal, não é pouco vulgar dirigir a alguém expressão que inclua a referida terminologia. Assim, quer atribuindo a alguém o facto de «ter cornos» ou de alguém «os andar a por a outrem» ou simplesmente de se «ser corno», num contexto em que se põe em causa a honestidade sexual do respectivo parceiro, têm significado conhecido e conotação desonrosa, especialmente se o seu detentor for do sexo masculino, face às regras de uma moral social vigente, ainda predominantemente machista.
Não se duvida que, por analogia, também se utiliza a expressão «dar um tiro nos cornos» ou outras idênticas, face ao ponto do corpo visado, como “levar nos cornos», referindo-se à cabeça, zona vital do corpo humano. (....). O uso destas expressões visa geralmente denegrir ou mostrar desprezo pela imagem do visado.”
Ora, imputando o assistente na acusação a supra referida expressão ao arguido e, aduzindo a mesma acusação que o arguido queria com tal expressão “amedrontar e ofender a honra e a dignidade do ofendido.”, sendo que a acusação pública acompanhou a acusação particular quanto ao crime de injúria e, referindo “que o arguido agiu com vontade livre, voluntária e consciente, bem sabendo que as suas condutas eram proibidas e punidas por lei.”, é óbvio que as acusações deduzidas nos autos não são manifestamente infundadas relativamente ao crime de injúria previsto e punido nos termos do artigo 181º/1 do Código Penal.
Como doutamente explana o Exmo. Magistrado do M.P. nesta Relação, “Não se afigura, assim, legítimo ao senhor juiz, na fase processual em que foi proferido o despacho recorrido, rejeitar a acusação, pois não é possível sustentar que os factos nela narrados não permitem conduzir a eventual condenação do arguido”
Fod.............
03 abril 2006
LUÍS DE STTAU MONTEIRO
Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa e faleceu no dia 23/07/1993 na mesma cidade. Partiu para Londres com dez anos de idade, acompanhando o pai que exercia as funções de embaixador de Portugal. Regressa a Portugal em 1943, no momento em que o pai é demitido do cargo por Salazar. Licenciou-se
02 abril 2006
ESTOU CANSADO
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos